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SESI Amoreiras apresenta espetáculo Ubu Rei, de Alfred Jarry, evento gratuito

Os absurdos do poder encenados de forma cômica dão vida ao espetáculo que traz Augusto Marin, como Pai Ubu, e a atriz Esther Góes, como Mãe Ubu

20/06/202311:17- atualizado às 11:12 em 21/07/2023

Nos dias 05, 12 e 13 e 19 e 20 de julho (quartas e quintas-feiras), às 20h, acontecem as apresentações gratuitas do espetáculo Ubu Rei, baseado no texto de Alfred Jarry, no Teatro do SESI Campinas Amoreiras.

O espetáculo teatral tem direção de Armando Liguori Júnior e tradução e concepção de Augusto Marin. No elenco, Augusto Marin, como Pai Ubu, Esther Góes, como mãe Ubu, Paulo Dantas, Armando Liguori, Fabricio Garelli, Juliano Dip e Natalia Albuk. O espetáculo tem duração de 1h20.

Sinopse

Mais atual do que nunca, o texto mostra como a ganância e a vaidade exacerbada são capazes de motivar a tomada do poder. Ubu, o protagonista, é um personagem inescrupuloso que beira o grotesco para alcançar seus objetivos. Manipulado pela esposa, Mãe Ubu, e amparado pelos próprios discípulos, decide matar o rei da Polônia para roubar a coroa. Em seguida mata os nobres, juízes e os financistas e trai seus próprios apoiadores. Pai Ubu, novamente movido por Mãe Ubu, vai à guerra contra os russos, mas é derrotado e fogem.    

Ubu Rei, uma sátira sobre os tiranos

Ao chegar ao trono, Ubu se torna um tirano sanguinário, mas ingênuo e despreparado, o que leva a plateia ao riso. Essa é uma das principais características do trabalho de Alfred Jarry: encenar uma farsa que conduz à gargalhada diante da estupidez humana ao supor uma superioridade diante dos demais.

“Ubu Rei é uma sátira sobre o poder, revela como são patéticos os tiranos. Eles jogam com o destino das pessoas como se fossem crianças brincando”, diz Augusto Marin, idealizador do projeto.

Ubu não é uma figura composta nos moldes tradicionais, mas uma espécie de síntese animada de rapacidade, crueldade, estupidez, glutonaria, covardia e vulgaridade. Com se o dramaturgo depurasse e, em seguida, ampliasse os perfis humanos mais perversos com uma lente paródica, para devolver ao espectador seu duplo monstruoso.

Ubu Rei é, certamente, uma paródia de Macbeth, de Shakespeare. Lembra a figura arlecchinesca e diabólica dos primórdios da Commedia Dell’ Arte.

Segundo Armando Liguori, “estamos fazendo uma releitura contemporânea de Ubu Rei, de Alfred Jarry, pós-pandemia, fazendo referencias satíricas sobre o Brasil, os artistas e o teatro”, completa.

O absurdo tentando explicar o inexplicável

Quando estreou em Paris em 1896, com direção do simbolista Lugné-Poe, no Théâtre de l’ Oeuvrea, a peça foi recebida com aplausos e vaias e ficou apenas dois dias em cartaz. O espetáculo rompia com os cânones do teatro da época e o reconhecimento só veio após a morte de Jarry, quando a tragicomédia serviu de inspiração para o surrealismo, o dadaísmo e o teatro do absurdo. 

O texto de Ubu teria surgido como uma sátira de Jarry a um professor do Liceu de Rennes, França, em 1888, quando tinha 14 anos.

Mortes, pilhagens, cinismo, maldade e violência em excesso, temperados com pitadas de bom humor e sarcasmo, Ubu Rei é ao mesmo tempo uma história ridícula e divertida e uma das principais representações do significado da patafísica, criada por Jarry.

A linguagem do espetáculo baseia-se nas técnicas da comédia física e visual, no jogo dos atores, na Commedia Dell’ Arte, com música ao vivo, cenas de plateia, acrobacias e elementos de HQs. Os atores improvisam com o público, que muitas vezes representa o povo da Polonia!

Alfred Jarry, o autor

Alfred Jarry (1873-1907) foi um poeta, romancista e dramaturgo simbolista francês, inventou a Patafísica, “a ciência das soluções imaginárias", que opera, pela chave cômica, na desconstrução do real e sua reconstrução no absurdo. Segundo Guillaume Apollinaire, Jarry foi grande escritor popular, uma espécie de debochado sublime e precursor e inspirador do movimento surrealista.

O espetáculo Ubu Rei estreou em novembro de 2021, no Teatro Commune, em São Paulo, no projeto UBU REI, FOLIAS PATAFISICAS E PANTAGRUÉLICAS, com recursos do PROAC LAB, em parceria com a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

Uma Commune Teatral e Ponto de Cultura

O Coletivo Teatral Commune é uma companhia teatral, fundada em 2003, que desenvolve pesquisa, produção, formação e intercambio teatral, tendo recebido diversos prêmios e se apresentado em Portugal e na Argentina. Seu repertório inclui: Nem Todo Ladrão vem para Roubar, de Dario Fo, Na Cama com Molière, baseado em O Doente Imaginário, e Otelo, de Shakespeare, ambos com direção de John Mowat, Anti Comics, uma paródia dos Super Heróis, de Sonia Daniel (coprodução internacional com apoio do IBERESCENA).

Desde 2005, é um Ponto de Cultura e desenvolve o Projeto Teatro Cidadão, que já formou mais de 1.500 jovens através de oficinas e da montagem de espetáculos.  

O Teatro Commune, criado em 2007, é um laboratório de pesquisa e produção da companhia, referência nas artes cênicas na cidade. Tem capacidade para 99 pessoas, equipamento de luz digital e som profissional, ar-condicionado, galeria e café, além de estacionamento ao lado.

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